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Entrevista com Mateus Ribeiro



Após ter conquistado a crítica e os entusiastas do Teatro Musical, o ator Mateus Ribeiro aposta em um novo projeto: Com o lançamento de "João Ninguém", o multi artista mostra ao público seu talento como compositor em um clipe/ curta metragem com uma pegada super conceitual.

SIM! Mateus Ribeiro é ator indicado duas vezes ao Bibi Ferreira, um enérgico dançarino, excelente cantor e agora, se joga na música pop com músicas autorais. O Backstage Musical conversou com o ator sobre essa nova etapa de sua já tão celebrada carreira. Confira abaixo.


Mateus, você é um ator com uma sólida carreira no teatro musical, tendo participado de projetos de grande expressão e interpretado personagens icônicos. Como foi pra você se aventurar e dar um salto em um projeto como “João Ninguém”? Foi desafiador, como sempre é quando nos propomos a fazer coisas novas, mas ao mesmo tempo muito empolgante. Eu venho há bastante tempo querendo colocar no mundo projetos meus. Ano passado comecei a gravar algumas composições, e esse ano idealizei e produzi também um vídeo, chamado “Ser Ator” , com 63 atores incríveis recitando um texto meu. É o começo desse meu movimento de colocar as coisas no mundo.

E de onde veio a inspiração para um trabalho autoral? O que te impulsiona como compositor? Eu sempre gostei de escrever, inclusive posto de vez em quando textos meus no Instagram. Quando eu tinha 19 anos de idade terminei um relacionamento amoroso e esses textos passaram a vir acompanhados também de uma melodia. Desde então, eu passei a compor. Escrevo sobre coisas que sinto e vivo, sobre coisas que vejo e escuto, sobre histórias que invento na minha cabeça.

O resultado e a estética de “João Ninguém” realmente impressionam: Pode nos contar mais sobre o processo criativo do clipe/curta metragem? Ao contrário das minhas outras músicas, que normalmente já tenho algo muito concreto do que seria o clipe, o “João Ninguém” demorou um tempo maior pra eu entender o que queria fazer. Era uma história de amor, mas eu não queria fazer um clipe qualquer. Sempre falei pra todo mundo que se fosse pra fazer um casal normal andando de mãos dadas na praia ou no parque, eu preferia não fazer. Não queria investir tempo, dinheiro e energia com algo que já foi visto e feito. Um dia me deparei com uma fotografia de balão e pensei que esse era um elemento que poderia me render muito visualmente e também sonoramente. O que demorou mais foi entender como encaixar tudo que eu queria usar dos balões dentro de uma linha narrativa. Eu sabia que queria um peixe no balão, uma calca de balão, mas como juntar tudo isso em algo interessante e que faça sentido? Um dia, do nada, tudo se juntou, fazendo muito sentido. Eu sou muito intenso, e quando to empolgado com algo eu respiro isso. Quando fui produzir a música, já tinha a concepção artística e roteiro do clipe prontos na minha cabeça, então passei isso pro Rique Azevedo, produtor musical, e fizemos a música em cima dos balões já. Na música, a maioria dos sons percussivos foram feitos com bexiga, por exemplo!


Passada a ansiedade e campanha de lançamento do seu primeiro single, agora o público vai poder conhecer um pouco mais de você, do Mateus sem um personagem: Dá um frio na barriga? Tem mais projetos de música pop vindo aí? Sim, dá um frio na barriga, porque na verdade são vários sentimentos que se misturam. As minhas músicas são muito importantes pra mim, elas acompanham momentos da minha vida e estão comigo há um bom tempo, então vejo quase como filhos. Algo que saiu de mim e que é muito pessoal. Foi um processo, inclusive, começar a canta-las para as pessoas. No começo parecia que cantar uma delas pra alguém seria o mesmo de eu estar tirando a roupa e ficando pelado. Mas hoje vejo como parte da minha criação artística, algo que me representa muito e que quero deixar pro mundo. “João Ninguém” foi só a primeira, a ideia agora é não parar mais e sempre ter algo novo sendo lançado. Espero que a vida me permita fazer isso.

Nos últimos anos você deu vida ao Peter Pan e ao Chaves, duas personagens que estão presentes no imaginário popular há gerações. Qual o desafio criativo-artístico que esses trabalhos trazem para você? Sim, tive o prazer de dar vida há personagens muito marcantes e amados pelo público, e isso por si só já é desafiador, porque vem atrelado a uma expectativa do público. Eu acredito que cada personagem me desafiou de maneiras diferentes. O Peter, por exemplo, era um papel que exigia muito fisicamente e vocalmente, então era uma maratona. Eu estava com 12 quilos a menos do que estou hoje em dia, só pra você ter uma noção, e tinha o desafio de tornar aquele menino real; tirar a ideia do desenho animado que as pessoas conhecem e apresentar um ser de verdade, que tem sentimentos, defeitos e etc. Já o Chaves me desafiou por ser um personagem construído e interpretado durante anos por um outro ator. É um papel de uma criança que foi feito por um senhor de idade. Eu não sou nem um senhor e nem uma criança, e tive que conseguir ser ambos, ao mesmo tempo. Tive que entender o personagem, pra entregar o que o público queria ver, e ao mesmo tempo não fazer uma caricatura, pra que as pessoas acreditassem naquele papel. Acho que o mais difícil sempre é isso, fazer a papel ser real, crível. Fazer a plateia se conectar, e isso é de dentro pra fora. É um trabalho que precisa ter camadas.


Você foi recentemente eleito pela Revista Forbes como uma das Personalidades da arte e cultura nacional antes dos 30. Como você vê essa conquista?

Eu considero uma das minhas maiores realizações e reconhecimentos profissionais. É a maior revista de negócios do mundo, que viu meu trabalho no meio de tantos outros. Foi uma surpresa quando fiquei sabendo. Sou um garoto que cresceu no nordeste, que veio pra São Paulo em busca de viver da arte, e entrar na lista ao lado de tantos outros nomes incríveis, sem dúvida te faz ter a certeza que está indo na direção certa.

Não poderíamos deixar de perguntar sobre esse contexto pandêmico que estamos vivendo: Quais os desafios para um artista em meio à esse tempo? Acredito que pros artista existem vários desafios que esse momento apresenta, e que podem variar pra cada um. Fomos os primeiros a parar e talvez seremos um dos últimos a voltar ao “normal”. É uma fusão de preocupação financeira com a falta de poder se expressar artisticamente da forma que gostaríamos. Mas é isso, o desafio agora é sobreviver, mentalmente, financeiramente, emocionalmente, fisicamente... e se reinventar.

Além de ter alavancado o projeto do seu primeiro Single. O que mais a quarentena e o isolamento social te possibilitaram? Na verdade não foi a quarentena que me possibilitou realizar o “João Ninguém”. Eu gravei as músicas entre setembro de 2019 e janeiro de 2020, e o clipe foi gravado em fevereiro/março desse ano. Eu não acredito que a quarentena tenha sido tão vantajosa pra mim num sentido artístico e, na verdade, ela me atrapalhou em vários sentidos. Acredito que o meu processo foi mais de conexão pessoal e de redescobrimento.

Por fim, qual é mensagem que você gostaria de passar com “João Ninguém”? Olha, “João Ninguém” pra mim fala sobre algumas várias coisas, mas acredito que cada pessoa vá receber de uma maneira. Acredito que a maior mensagem seja que não temos que mudar quem somos na esperança de obter o amor, atenção ou aceitação de outro alguém. Não vale a pena. Existe beleza em todo mundo, a coisa é saber tirar o veneno que o mundo coloca nos nossos olhos, pra enfim enxergarmos. Acho que é sobre reflorescer nas pessoas essa mensagem que as vezes a vida acaba fazendo a gente esquecer. É sobre se amar, se cuidar e se respeitar. É sobre poder amar alguém, mas esse alguém antes de qualquer outro, ser você mesmo.


Mateus, obrigado pela entrevista! Esperamos que novos projetos tão tocantes como esse tomem forma e vejam a luz do dia! Estamos aqui no Backstage Musical sempre na torcida! Confira o clipe de João Ninguém e também escute no Spotify e outras plataformas digitais.


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